O medo

Dizem que materializamos tudo que for intenso na psique humana, pois então aí vai meu relato, me chamo Kalel Thomas, e há alguns dias atrás estava no meu computador sentado na cadeira sentado de costas para a cama, afinal não tem lugar melhor em uma casa do que o quarto, mas por mais que esse seja um lugar confortável, era incomodado por uma desconfortável sensação de estar sendo observado e acredite você também estar sendo observado, na verdade a cada palavra dita ela estar a seu lado fazendo você senti-la a cada palavra vista, lida e repetida aqui.

Esse incomodo repetia-se diariamente, bastava estar sozinho, até que que resolvi olhar toda vez que me sentia desconfortável, virar a cadeira para tentar ver o que me desconfortava daquele jeito, de tanto repetir isso em meus dias, a cada virada de cadeira via um vulto e ao prolongar a rotina começou aparecer “pessoas” na qual eu não conseguia escutar, medo era iminente e estampado em minha face, cheguei a comentar com meus familiares e fui parar no psicólogo 3 vezes e no psiquiatra 1 vez, pois todos eles achavam que eu estava ficando louco, pois na família tem um grande índice de síndrome de pânico, mais essas consultas não resolviam nada, e tomei por mim mesmo a acreditar que eu conseguia ver algo que não podia ser compartilhado.

Sentado em meu computador novamente depois de um dia trabalhado, mais uma vez um deles estava me olhando.

-O que você quer comigo?

Pela primeira vez conseguir ouvir o que diziam, era um rapaz, aparentava ter seus 27 anos, cabelos enrolados na altura da orelha e olhos claros.

-Não quero nada demais, só quero parte de você de novo.

Em seguida aquele ser sumiu diante dos meus olhos, fiquei apavorado quando, por mais que estivesse acostumado com aquela situação de estar sendo observado, escutei algo de um ser “inexistente” e então apareceu outro, dessa vez parecia um velho lá para os seus 60+ dizendo que todos eles fazem parte do meu ser, passei alguma horas conversando com o velhinho, já sabia até seu nome, Alfred, ele me explicou o que eu tinha que fazer para que eu pudesse parar de ser observado e passar a observar.

-Resumindo você tem que nos deixar fazer parte de você de forma integrada, eu sou uma das suas emoções, sensações e sentimentos.

Depois daquela conversa comecei a sentir mais, e deixá-los fazer parte de mim, afinal tinha perdido cada uma das emoções como o velhinho disse. Conseguir recuperar cada emoção e saber o nome de cada uma delas e deles exceto uma garotinha, lembra que eu disse que ela estaria do seu lado lendo com você, não olhe agora, mais ela estar, essa garotinha costumava me observar onde eu estivesse, diferente dos outros que eram somente em meu quarto, ela também não se comunicava de jeito algum comigo além de observar cada movimento meu, passei a me acostumar com sua presença, até que um dia dei-me conta que ela estava de meu lado olhando esse texto no qual você estar lendo, a mesma retornou seus olhos claros quase vermelhos pra mim e falou.

- Sou seu medo, suas angustias, mas sempre trarei sua alegria, mas não quero compartilhar o mesmo corpo que você, você me tem mais forte que qualquer um outro que você conseguiu pôr para dentro de si, você me tem de forma tão intensa que me torno matéria física a seus olhos.

Fiquei surpreso diante de cada afirmação, sem reação de qualquer coisa, era a primeira vez que aquela garota falava comigo.

Até hoje a garotinha me observa, e até mesmo me ajuda em algumas decisões, mas até hoje não sei o teu nome, fora outras coisas ditas por ela também como.

-Ao acabar de fazer essa leitura, ela pediu para que você apague as luzes, feches os olhos por 15 segundos, abra seus olhos devagar e vire-se vagarosamente para a esquerda.

 Após isso você verá uma linda garotinha de vestido branco com um olho cortado e a boca costurada sussurrando em seu ouvido que seu medo é fraco e que ela vai fazê-lo crescer, fazendo assim você vê-la constantemente no seu dia, cada vez mais bonita.

-Boa noite, logo, logo nos veremos!